5 March 2016

HÁ UM SILÊNCIO...






















HÁ UM SILÊNCIO...

Há um silêncio que ascende
da raiz da infância à constelação dos dias.
Há um silêncio vegetal nas madrugadas,
um segredo de orvalho no sono verde da terra.
Há um silêncio que freme no frio rumor das águas.

Procuras no silêncio a serenidade dos mananciais,
a matinal cumplicidade da matéria pura,
a branca respiração das coisas ainda nuas.
Buscas a revelação na nascitura inocência da luz
e a eternidade nos vagarosos átomos
da pedra e da nuvem.
No silêncio escutas o velho som do mundo,
a sinfonia da ausência, o timbre de uma voz ancestral
que te diga, te sonhe, te invente,
te abra os olhos para o triunfo de astros mais altos.
És amador de silêncios, buscador de absoluto.
Numa alma de silêncios emolduras a tua sorte,
o teu destino de névoa.


Fotografias © Adão Moreira  |  texto: Pires da Costa 

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